Os impactos das atualizações na Política de Privacidade da Apple no e-commerce

Imagine um cenário onde as decisões de uma única empresa tem o poder de mudar completamente toda a indústria global afetando vários segmentos de mercado. Pois bem, neste artigo traremos algumas reflexões sobre como a Apple afeta o direcionamento de toda uma indústria. Tanto para “bem” quanto para o “mal”.

 

Um pouco de contexto histórico

Ao decorrer da sua história, houve momentos memoráveis onde a empresa revolucionou o mundo que conhecemos. Aqui, não citaremos todos, apenas aqueles com maior impacto na indústria, que definiu tendências para todo o mercado. Começando pelo iPod: em 2001 em conjunto com o iTunes, revolucionaram a maneira como consumimos música, mudando completamente o mercado bilionário fonográfico antes controlado pelas gravadoras.

Há 14 anos ocorreu o maior lançamento de um produto da era moderna, o primeiro iPhone. Um marco para o mundo da tecnologia e para o mercado de dispositivos móveis, ressignificando a denominação de smartphone. De fato, o iPhone mudou completamente a indústria, combinando três produtos em um: telefone com tela sensível ao toque, conectividade com internet móvel e a capacidade de reprodução de música em alta qualidade. Devido à ótima avaliação do consumidor final e da crítica especializada, todas as demais marcas do mercado foram obrigadas a aderirem esses recursos na construção dos seus produtos.

Imagine um mundo onde você não possa baixar aplicativos de terceiros no seu smartphone. Sim, isso mesmo que está pensando. Qual a utilidade de um smartphone sem aplicativos como Twitter, WhatsApp, Spotify, Youtube, Google Maps ou Fortnite? Houve um breve momento na história onde isso não era possível, porém em 5 de Julho de 2008 foi finalmente lançado a Apple Store, com apenas 500 aplicativos.

Ela não foi a primeira, no entanto, devido ao seu poder e relevância criou-se todo um mercado voltado ao desenvolvimento de aplicativos para Apple Store, não apenas isso, mas também houve a necessidade da criação de cursos de capacitação, software e até mesmo empresas focadas em desenvolvimento de apps. Em 2020 apenas esse departamento, gerou aos cofres da empresa de Cupertino torno de US$ 26 bi em receita.

 

As mudanças na privacidade

Conhecendo o poder de marca da Apple, sabemos que suas decisões podem direcionar o rumo do mercado digital. Com isso, em sua nova atualização do sistema operacional iOS 14.5, algumas mudanças relacionadas à privacidade gerou conflitos com grandes empresas, inclusive com o Facebook, que foi o que mais criticou os novos termos.

Basicamente, a Apple obriga aos aplicativos pedirem o consentimento do usuário para o rastreio de seus dados, algo que vemos como semelhante às novas diretrizes da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), mas agora com um foco em aplicativos e até o momento sendo algo exclusivo dos aparelhos da Apple.

Antes dessa atualização, sem o usuário saber, os aplicativos faziam a coleta e compartilhamento dos dados com terceiros. Informações como localização, utilização de outros aplicativos, dados de e-mail e número de telefone criptografados e um número único que identifica o smartphone, chamado de IDFA (Identifier for Advertisers).

 

Por que isso é motivo de crítica e por que pode afetar empresas que dependem dos canais de publicidade para promover seus produtos e serviços?

Segundo o Facebook, a mudança pode gerar um impacto negativo para empresas, sendo muitas vezes de pequeno porte e que conseguem gerar uma base de clientes através da internet, projetando uma redução de vendas de até 60% por conta da limitação de dados em anúncios personalizados.

Além do Facebook, outras grandes empresas já reconhecem o impacto que isso causará diante da dependência de publicidade móvel, como Snapchat, Twitter e TikTok. As mesmas estão trabalhando em soluções alternativas, algo que já está sendo visto nos EUA e na China, e em breve estará presente no Brasil.

Já os aplicativos da Apple Store, poderão ser impactados com os ganhos em anúncios exibidos (diante da imprecisão de dados dos perfis), o que torna uma das soluções viáveis a monetização dos apps, conhecido como “compras no aplicativo”.

Vale destacar que a Apple cobra uma comissão de 15% a 30% em todas as compras de aplicativos e assinaturas em sua loja de aplicativos. Dessa forma, o aumento de privacidade também visa mais lucro para a Apple, um dos pontos também apresentado pelas duras críticas do Facebook em torno dessa atualização.

 

O outro lado da moeda

A Apple argumenta as críticas recebidas por empresas falando sobre compartilhamento de dados, privacidade e transparência de seus usuários, indicando que as empresas não precisam mudar suas abordagens de publicidade. O único ponto que muda é que os usuários terão a liberdade decisória de aceitar ou não o rastreio e captura de dados.

Conhecida desde o início da marca, a Apple sempre deu uma atenção especial relacionado à privacidade de seus usuários, um dos motivos pelo qual ela é tão forte na preferência de smartphones pelos consumidores.

 

Estratégia do Google

Algo já anunciado pelo Google antes mesmo das atualizações da Apple acontecerem, a empresa decidiu que não usará mais o IDFA em breve, reconhecido por muitos como o fim da utilização de cookies.

 

Mudanças nos anúncios do Facebook

Com a utilização do framework App Track and Transparency (ATT) em todos os aplicativos da Apple Store, os anúncios que veiculados para usuários com o iOS 14.5 e versões posteriores terão limitações no compartilhamento de dados.

Para entender mais sobre os impactos em anúncios e relatórios do Facebook, confira a Central de Ajuda do Facebook.

O Facebook traz algumas recomendações para atualizar as configurações de eventos e lidar com as alterações. Sendo elas:

  1. Conclua a verificação de domínio;
  2. Planejar para o limite de oito eventos de conversão por domínio;
  3. Configuração inicial de eventos;
  4. Seleção de somente um domínio para o rastreamento de conversões.;
  5. Alterações na configuração de Pixel usando tags IMG.

Para a documentação detalhada das recomendações, acesse aqui.

 

Para concluir

Muitas gigantes de tecnologia vem procurando formas alternativas de capturar os dados de usuários, visando sempre a privacidade e segurança de quem consome internet. Sabemos que hoje em dia o principal objetivo das empresas é saber seus interesses, e para isso basta você acessar a internet que já estará compartilhando esse tipo de informação.

Com muitas empresas adotando suas restrições de envio de informações sobre os usuários, cabe às organizações que dependem desses dados terem que se adaptar a mais e mais regularizações. Apesar do desafio para empresas de publicidade e tecnologia, devemos entender que essas atualizações ocorrem para proteger cada vez mais os usuários da internet.

E você, o que conclui dessa atualização nas políticas?

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Autores: Caco Fernandes e João Vitor Bueno.

Referências: Benedict Evans, Olhar Digital, Facebook Business, CNN Brasil, 6 Minutos OUL, Forbes, Emarketer, Wired, Wired 2, The Verge, Google, Suno, Apple, Apple 2, CNET, Facebook Business.

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