Vamos tratar sobre um grande “tabu” que envolve o ecommerce brasileiro. Não é de hoje que volta e meia nos deparamos com notícias sobre o prejuízo nas grandes operações de ecommerce nacional. As notícias assustam, deixando receosos os pequenos e médios empresários que imaginam a entrada no ecommerce como uma grande oportunidade para aumentar dos rendimentos de suas empresas.
Falando em números de 2016, a expectativa de crescimento do ecommerce era de 8%, e esse número chegou a 7,4%, atingindo 48 milhões de consumidores que compraram no comércio eletrônico pelo menos uma vez.
Por que as grandes empresas estão no vermelho?
Mas se o ecommerce cresce tanto, por que as grandes empresas estão no vermelho? Vamos voltar um pouquinho para uma notícia de 2014. No primeiro semestre deste ano, o Ebitda da Dafiti estava em R$ 100,2 milhões negativos. Isso não foi motivo para preocupação, ao menos no discurso dos líderes da empresa, que enxergam a internet como um mercado pequeno para o varejo de moda no Brasil. O grande objetivo da marca é o alcance de Market Share.
Outro exemplo, ainda na moda, é a Netshoes. Apesar de saltos expressivos de receita e de já ter atraído mais de R$ 600 milhões de fundos de investimento, a empresa, fundada em 2000 e uma das pioneiras do varejo virtual no país, nunca deu lucro. Nesse cenário, uma questão vem à tona: até onde vai o fôlego da Netshoes? “Ninguém aqui quer construir uma empresa que não pára em pé”, diz o fundador e CEO, Márcio Kumruian. “Uma companhia só é reconhecida quando consegue provar que se tornou sustentável”.
Estratégias das grandes empresas
“A empresa tem um caminho sustentável e um time muito capaz para executá-lo.” disse Nicolas Szekasy, sócio-diretor da Kaszek Ventures (que investiu em lojas como Netshoes e Beleza na Web), reforça que a velocidade está de acordo com os planos traçados pelos fundos envolvidos. “Todos têm a consciência de que o e-commerce tem um tempo diferente”, diz. “A companhia tem um negócio principal muito sólido, capaz de financiar a criação de ativos fortes e rentáveis num futuro bem próximo.”
Não é à toa que em ambas as empresas já se enxergam novos negócios e novas marcas. Como a Zattini na Netshoes, e o marketplace da Dafiti, muitas marcas próprias que com uma margem maior, vem no objetivo de utilizar essa enorme fatia de mercado que as empresas criaram nos últimos anos, para a partir disto virar o jogo no lucro.
Conquistando seu lugar no mercado
Mas já existe no cenário das grandes empresas quem está conseguindo reverter esse prejuízo e ainda continuar conquistando uma grande fatia de mercado. A Magazine Luiza aumentou as vendas em 8,3% no ano passado, com destaque para o canal de e-commerce.
O canal digital da companhia apresentou crescimento de 32,2% em 2016, contra um aumento de 9,8% registrado em 2015. No quarto trimestre, as vendas do e-commerce atingiram um recorde de 26,3% nas vendas totais da empresa, por crescer 41,4% no último período do ano. Segundo a empresa, o porcentual é o maior já registrado.
Esse crescimento deve-se ao aumento do tráfego e das vendas dos canais mobile, principalmente do app, que já conta com 4,5 milhões de downloads; aumento das vendas nos mercados atendidos pelos 9 Centros de Distribuição regionais, já totalmente integrados desde 2014; aumento da conversão reflexo da ampliação da utilização do sistema proprietário de recomendação; do crescimento da venda de novos canais e da Black Friday.
Outra que também teve lucros significativos foi a Saraiva, onde um dos destaques do primeiro trimestre de 2016 foi o crescimento de 10% nas receitas brutas do e-commerce em comparação ao mesmo período no ano anterior. A participação no total de receita bruta das operações do site, em relação ao total das operações varejistas do grupo ficou em 32% no primeiro trimestre de 2016. No mesmo período no ano anterior, essa relação era de 29%. As vendas líquidas obtidas nesse canal somaram R$ 158 milhões no período, crescimento de 2,9% em comparação ao mesmo período de 2015.
Modelos de negócios diferentes
Em resumo, temos que entender o modelo de negócio e objetivos de cada companhia, fica evidente que algumas delas não tem se importado com o prejuízo visando o alcance de uma fatia de mercado maior e um impulsionamento no mercado.
Lembrando que se esse não é o objetivo da sua empresa, o e-commerce é sim um negócio rentável e já temos exemplos de que fechar o ano no azul é trabalhoso, mas possível se esse for o foco da sua companhia.
Na biblioteca da Híbrido, nós preparamos uma planilha especial para que você possa acompanhar as sugestões e previsões de custos e lucros do seu e-commerce. Boas vendas! 🙂