O título pode parecer estranho, mas o advento do ecommerce na indústria está a cada dia mais próximo de se tornar uma realidade presente nos mais diversos setores. Os canais digitais permitiram que a indústria começasse a conversar mais diretamente com seu cliente final, quebrando a barreira visual intermediária ocupada pelo varejo.
Rumo à 4ª Revolução Industrial
O modelo de Indústria 4.0 traz o conceito de D2C (Direct to Consumer) por meio do varejo digital direto, sem intermediários. Essa nova forma de fazer negócios online acarreta em uma inversão de papéis entre indústria e varejo na qual ambas começam a se misturar de tal forma que, em alguns casos, é difícil identificar quem é quem.
Uma mudança de canais: do offline ao online
O setor industrial, cujas transações comerciais foram realizadas, até o momento, unicamente em canais offline, está percebendo a crescente maturidade do comércio digital e enxergando nele uma grande oportunidade de aumentar o poder da marca e ampliar seu campo de atuação. Segundo a última edição da Revista Ecommerce Brasil, 8% dos negócios online vêm diretamente do setor industrial. A maior parte das marcas opta por uma estrutura de loja mista: compras online, associadas às lojas físicas.
Um dos pontos mais relevantes nessa mudança é que a indústria investe em pesquisa e busca novas tecnologias para aplicar em seus produtos. O lojista, em grande maioria, prefere colocar em seu estabelecimento os produtos mais vendidos, ficam receosos de colocar algo muito novo e diferente e acabar não vendendo. Com um ponto de venda online, a indústria tem a oportunidade de apresentar 100% de sua cartela de produtos ao cliente final.
É preciso montar uma estratégia muito bem planejada para não correr o risco de perder os parceiros lojistas, responsáveis por levar a marca a locais e pessoas que o ecommerce não alcança. Uma das táticas pode ser justamente oferecer produtos diferentes daqueles revendidos nas lojas físicas, reduzindo atritos entre as partes.
Novos canais, novas ferramentas
O formato de indústria 4.0 traz consigo diversas ferramentas capazes de fornecer informações valiosas às marcas, como Big Data, Analytics, IOT (Internet das Coisas), realidade aumentada e as tendências de omnicanalidade.
Isso trará à indústria maior possibilidade de conhecer e interagir com seu cliente através dos dados coletados, melhorando constantemente seus produtos e serviços, entregando não apenas objetos, mas conveniência, conteúdo segmentado e atendimento personalizado.
O resultado? Clientes muito mais fiéis e produtos cada vez mais customizados.
Conheça outras vantagens:
- Até chegar ao consumidor final, o produto passa por diversas etapas, como o distribuidor e o varejista, o que faz com que ele pague mais pelo produto, pois em cada etapa do processo são adicionados novos tributos ao valor final;
- Além de ser mais barato para o cliente, ele terá acesso ao portfólio completo de produtos atualizado em tempo real, além de ser uma oportunidade para outras vendas sugeridas, como produtos similares ou complementares;
- É possível informar mais completamente o cliente através das descrições de produto, videos explicativos e especialistas falando sobre o tema;
- Aumento do espaço geográfico de atuação e possibilidade de expansão comercial para outros estados;
- Nem sempre é possível customizar produtos na loja física, outra vantagem de comprar diretamente com o fabricante.
A principal desvantagem, além dos atritos com os lojistas, é que a indústria no ecommerce não funciona tão bem para produtos de uso comum e contínuo, como alimentos e bebidas, por exemplo.
Como começar a expansão para o modelo D2C.
- Ofereça uma boa – e fácil – experiência de compra;
- Explorar as regiões geográficas e perfil do cliente de cada região; Investir em locais remotos onde as lojas físicas não se estabelecem e locais onde os representantes comerciais não chegam;
- Preparar o site, fazer fotos profissionais voltadas exclusivamente à vendas e descrições detalhadas do produto. Itens importantes como detalhes e cores devem ser o mais fiel possível ao produto original. As pessoas preferem buscar informação do produto nas fotos do que ler uma descrição muito extensa, por isso a união entre ambos os recursos é primordial para oferecer conteúdo que transmita a experiência pessoal do produto;
- Organizar os setores para as novas demandas, principalmente distribuição e logística, afinal de contas, uma indústria acostumada a fazer um caminhão inteiro de pedidos para um único cliente, agora começa a enviar uma caixinha com apenas uma peça;
- Outro fator bastante importante que deve ser avaliado é a questão contábil e fiscal, pois a indústria passa a lidar com CPF e não somente com CNPJ, alterando os custos fixos e variáveis.
É verdade que algumas áreas da estrutura da empresa precisarão mudar, mas na maioria dos casos os resultados são bastante satisfatórios. Os clientes se sentem mais próximos daqueles que fabricam o que eles consomem, então, um bom posicionamento e estratégia bem planejados podem transformar pessoas de apenas consumidores a fãs da marca.
Até o próximo,