No final da tarde de ontem (21/05), a notícia que a Adobe compra Magento Inc. por $1.68 bilhões surpreendeu a todos que atuam com ecommerce no Brasil e no Mundo. Não era esperada uma aquisição assim neste momento, tampouco haviam rumores sobre tal.
Mas o que podemos esperar e quais foram as primeiras reações a esta aquisição? Quais os próximos passos? O que muda no Brasil?
A compra é muito recente. Na verdade, a transação deve ser concluída durante o terceiro trimestre do ano fiscal de 2018 da Adobe. Então, há muita especulação em torno deste marco, mas algumas coisas podemos entender que continuarão ou nos permitem especular o crescimento da plataforma, especialmente por aqui no Brasil.
Na carta enviada a partners e clientes Magento, o CEO Mark Lavelle criou uma grande expectativa em torno da melhoria da experiência para desenvolvedores e clientes, “A Adobe é líder em experiência digital em criação de conteúdo, marketing, publicidade e análise, e a combinação da Adobe e Magento possibilitará experiências em tempo real em toda a jornada do cliente para empresas B2C e B2B”
Competitividade com Salesforce
Segundo Brent Leary, que é dono do CRM Essentials, a aquisição da Magento dá grande força a Adobe na competição com a Salesforce, que em 2016 adquiriu a Demandware, outra plataforma de ecommerce, por $2 bilhões de dólares.
Leary também entende que esse acordo aproxima ainda mais Adobe e a gigante Microsoft, que no passado juntas já desenvolveram algumas parcerias e ambas têm enfrentado a Salesforce.
A força do Experience Cloud
Ainda para Leary, está aquisição preenche uma lacuna óbvia na experiência Cloud da Adobe. “Agora eles têm uma oferta que permite fechar o ciclo com os consumidores, que podem finalizar uma transação que começou on-line com as ferramentas de marketing digital que a Adobe já oferecia”, lembrando um pouco do que o Magento frisou durante o Imagine 2018 este ano em Las Vegas, Cloud é o futuro da plataforma que já busca 67% de participação nas licenças vendidas pela Magento em 2018.
O resultado esperado para o Magento Cloud é uma plataforma de nuvem única que permite aos desenvolvedores projetar a aparência de um site de comércio eletrônico, gerenciar fluxos de conteúdo para o site, receber pagamentos, analisar seu desempenho, inserir anúncios e medir sua eficácia de uma maneira muito mais ágil, segura e momentânea.
Ou como a Adobe colocou “uma plataforma única que atende clientes B2B e B2C globalmente”.
O que muda no Brasil?
O movimento da Magento para o Brasil foi gigante no último ano. Pela primeira vez a empresa trouxe uma equipe comercial para cá, e desde o início de 2017 vem buscando ainda mais levantar a bandeira da operação em terras tupiniquins. O número de Magento Partners no Brasil subiu de 2 para 12 entre 2017 e 2018, aumentando muito a força comercial da empresa que visa o aumento da venda de licenças do Magento Commerce e do Magento Cloud, que são as versões enterprises da empresa, hoje utilizadas por médias e grandes companhias como Coca-cola, Ambev, Midea, Saraiva, Buscapé, Riachuelo, entre outros.
É esse ponto que mais deve ser fortalecido com a aquisição. Ao contrário do Magento que tem uma grande penetração no Brasil com seu produto Open Source, a Adobe tem uma presença massiva por aqui com seus produtos enterprises e Clouds, além de contar com uma estrutura comercial e de atendimento rica a Adobe deve contribuir demais com os objetivos da Magento no país. Vale citar que durante várias apresentações dos executivos no Imagine 2018 o Brasil foi citado como um dos grandes mercados em potencial.
Mas será o fim do Open Source?
Não, pelo menos nos discursos de ambas as partes isso parece não estar nos planos. Sabemos que o crescimento mundial e liderança do Magento se dá muito em virtude do Open Source, versão aberta a desenvolvedores e clientes que queiram usufruir de ferramentas da plataforma, outra frase da carta de Lavelle demonstra isso, “A Adobe também é uma das poucas empresas que, como a Magento, está comprometida com a administração de plataformas abertas e diversas comunidades globais”.
Ao mesmo tempo que a Adobe em sua carta enfatizou o comprometimento com Open Source: “Na Adobe, estamos comprometidos com a administração de plataformas abertas e diversas comunidades criativas. Muito antes de o OpenSource ser amplamente adotado na computação empresarial, a Adobe ativamente integrou tecnologias de código aberto em seu software e contribuiu ativamente para o desenvolvimento de código aberto”. Segundo a Adobe, o Código Aberto está em seu DNA: “O ponto é: o código aberto está em nosso DNA. Sabemos que a chave para obter valor do código aberto é agregar valor através da contribuição e colaboração com essas comunidades ativas de desenvolvedores. Estamos muito animados em fazer muito mais com o Magento.”
Em termos de posições na operação, O CEO da Magento, Mark Lavelle continuará a liderar a equipe Magento como parte do negócio de Experiência Digital da Adobe, mas terá o executivo da Adobe e o gerente geral Brad Rencher como seu chefe.
Aguardamos os próximos passos desta grande mudança que está por vir, e vamos atualizando todos por aqui.
Adobe compra Magento. Fontes usadas para o texto:
https://medium.com/magento-meetup-sp/adobe-adquire-a-magento-inc-d9b7b4411964
https://www.theregister.co.uk/2018/05/22/adobe_acquires_magento/
https://techcrunch.com/2018/05/21/adobe-to-acquire-magento-for-1-6-b/
https://br.reuters.com/article/internetNews/idBRKCN1IM2BM-OBRIN?feedType=RSS&feedName=internetNews